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Notícia

Rede de sementes da Flona Tapajós dá passo decisivo para o fortalecimento da sociobioeconomia da região

26/05/2025

Nos dias 22 e 23 de maio, a comunidade de Pedreira, na Floresta Nacional do Tapajós, recebeu o I Encontro da Rede de Sementes. A atividade reuniu 52 participantes, entre coletores e representantes de organizações parceiras, para discutir os rumos da cadeia de sementes nativas na região.

Organizado pela Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (Acosper) em parceria com o Projeto Saúde e Alegria e a Federação da Flona Tapajós, o encontro contou ainda com o apoio da organização Konrad Adenauer, do Redário, do WWF Brasil, Coomflona e da empresa Morfo.  Durante os dois dias de programação, os participantes avaliaram a coleta de sementes realizada em 2024, identificaram o potencial de espécies disponíveis na floresta e traçaram estratégias para compra, armazenamento e comercialização em 2025. Para o presidente da Acosper, Manoel Ednaldo, o encontro foi um marco para a consolidação da cadeia de sementes na região.

“A ideia é estruturar essa cadeia que está sendo liderada pela Acosper. Foram criados quatro polos dentro da Flona, e cada um vai contar com um ‘elo’, uma pessoa da própria comunidade que será treinada para recepcionar as sementes e facilitar a logística até a cooperativa. Ficamos muito satisfeitos, porque os coletores participaram do encontro, questionaram, perguntaram e demonstraram interesse. Estamos fortalecendo essa cadeia produtiva do Ecocentro da Sociobioeconomia voltada para reflorestar áreas degradadas. Esse momento foi importante porque a gente começou com um projeto piloto no ano passado e agora a rede começa a ganhar forma” declarou.


O coordenador de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), do Projeto Saúde e Alegria, Márcio Santos, destacou a importância do encontro para a formalização da rede e sua integração a uma articulação nacional.

“Reunimos mais de cinquenta coletores de sementes e o encontro atingiu seu principal objetivo, que foi a criação oficial da primeira rede de sementes de coletores da Flona Tapajós. Essa rede agora passa a ser credenciada junto ao Redário, o que significa que nossos coletores passam a integrar uma articulação nacional que reúne mais de 27 redes espalhadas pelo Brasil. Isso é muito significativo, porque fortalece a atuação local e conecta nossa região a um movimento maior”.

Representando o Redário, articulação nacional que reúne redes de sementes de várias regiões do país, Eduardo Malta explicou como funcionam os acordos coletivos para organizar o trabalho e ressaltou a importância da construção coletiva.

“Cada rede de sementes define o seu jeito de trabalhar. Esse momento está sendo fundamental para fazer acordos e alinhar tudo desde a identificação das espécies, os padrões de qualidade, até a comercialização e a divisão dos pagamentos. Isso garante que todo mundo saiba como vai funcionar e possa trabalhar tranquilo e mais abre portas para que essa rede se expanda, gerando renda e oportunidades aqui no Tapajós.”

Juliana Castro, da comunidade de Jaguarari, participou do encontro pela primeira vez. Ela trabalha com coleta de sementes e acredita que a rede pode trazer benefícios diretos para quem vive na floresta.

“Foi um grande prazer estar aqui. É gratificante pra gente ter esse momento, porque trabalhamos diretamente na mata, fazendo a coleta das sementes. Isso não é só uma fonte de renda pra nossa comunidade, mas pra toda a Flona”.

O I Encontro da Rede de Sementes da Flona Tapajós é parte de um esforço para consolidar a cadeia de sementes como alternativa econômica para as comunidades da região, aliando conservação ambiental e geração de renda.


O Projeto

O Projeto de Sementes Florestais da Acosper teve início em 2023, a partir de uma parceria com a empresa Morfo, que atua na recuperação de áreas degradadas no país. A iniciativa é baseada na estruturação da cadeia de coleta, processamento e comercialização de sementes nativas e conta com a participação direta de moradores de comunidades tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós (Flona).

A definição pela Flona como área inicial de atuação considerou a existência de territórios já mapeados e a familiaridade das populações locais com práticas de manejo florestal, o que favorece a coleta responsável e o conhecimento sobre as espécies da região.

Atualmente, o projeto envolve diretamente coletores e coletoras de dez comunidades produtoras: São Domingos, Chibé, Jaguarari, Acaratinga, Aldeia Takuara, Pedreira, Itapaiúna, Piquiatuba, Aldeia Marituba e Prainha 1. São esses moradores que realizam as atividades de campo, desde a identificação das espécies até a coleta e o armazenamento inicial das sementes, contribuindo para a conservação da floresta e gerando alternativas de renda baseadas na sociobioeconomia.

 


Fotos: Hayrton Matos e Projeto Saúde e Alegria
Colaboração : Samela Bonfim