A andiroba (Carapa guianensis) é um produto da sociobiodiversidade presente nos territórios onde a Acosper atua, como a Floresta Nacional do Tapajós e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Também é encontrada em algumas áreas privadas nos municípios de Mojuí dos Campos, Belterra e Santarém, sobretudo na região da BR-163 – Rodovia Santarém-Cuiabá.
A coleta da andiroba começa a partir da mobilização da Acosper junto às famílias que residem nas localidades produtoras. Esse grupo então se desloca para as áreas onde tem disponibilidade de sementes. O fruto é coletado diretamente do chão, onde é encontrado envolto em um ouriço, uma espécie de cápsula que abriga as amêndoas. Os coletores quebram o ouriço e retiram as sementes. O ideal é que a secagem ocorra ainda na comunidade, no entanto, na maioria dos casos, a semente é levada in natura até o Ecocentro da Sociobioeconomia, onde passa pela primeira etapa de beneficiamento.
O Ecocentro possui estrutura industrial para o processo de secagem. Esse procedimento precisa ocorrer em até dois dias após a coleta para evitar perdas por germinação ou ataque de broca. Quando o tempo de transporte ultrapassa esse prazo, a secagem é feita na comunidade onde o fruto foi colhido. Após a secagem, a semente é armazenada e separada por lotes, com controle de rastreabilidade e identificação dos fornecedores. Em seguida, os lotes seguem para a etapa de extração de óleo, que envolve aquecimento, trituração, prensagem e filtragem.
Atualmente, as áreas produtoras incluem comunidades da Resex Tapajós-Arapiuns (Jenipapo, Aldeia Limão Tuba, Iwipixuna, Pajurá, Brinco das Moças) e da Flona do Tapajós (Takuara, Jaguarari, Pedreira, Nazaré), além de propriedades privadas, principalmente localizadas ao longo da rodovia BR-163. A prioridade de compra é dada a cooperados, mas a Acosper também adquire sementes de produtores não cooperados devido à baixa oferta de matéria-prima em alguns períodos.
A coleta da andiroba segue princípios de manejo não madeireiro, contribuindo para a conservação da floresta. O fruto é coletado diretamente do solo, sem a derrubada de árvores. Parte da produção é deixada no ambiente, garantindo a alimentação da fauna e a regeneração natural da espécie.
O óleo produzido pela cooperativa é comprado por indústrias de cosméticos e transportado para outras cidades onde é beneficiado gerando novos produtos.
A atuação da Acosper na cadeia da andiroba contribui para a geração de renda nas comunidades extrativistas, promove o uso sustentável dos recursos florestais e fortalece os modos de vida tradicionais por meio da valorização de saberes locais e da articulação com políticas públicas e mercados diferenciados.